Resenha #017 – Farm Valley AgroInteligência [03/03/2023]

CENÁRIO INTERNACIONAL

Seguem as preocupações globais quanto à inflação ainda em alta. Nos EUA, com vários indicadores econômicos divulgados nesta semana, apontando para uma aceleração do consumo e um consequentemente no aumento do custo de vida, cresce a chance do FED (Banco Central americano), em sua reunião de março, elevar novamente a taxa de juros, para 5,5 a 5,75%. Alguns bancos americanos já estimam que a mesma deve chegar a 6%, trazendo sérias consequências para países em desenvolvimento que necessitam de recursos estrangeiros para financiarem suas dívidas.

Segundo fontes do mercado, os investimentos estrangeiros na China caíram drasticamente no 2º sem/22 descendo ao nível mais baixo registrado nos últimos 18 anos, em razão dos atritos entre os governos chines e americano e da política de Covid zero adotada o ano passado no país asiático.

As exportações de carne bovina brasileira para a China estão temporariamente suspensas, seguindo o protocolo sanitário oficial, diante da confirmação, pelo Ministério da Agricultura, da ocorrência de um caso de “vaca louca”, identificado em uma pequena propriedade no município de Marabá (PA), que, segundo a Agência de Defesa Agropecuária daquele estado, foi isolada e as autoridades negociam todas as providências para o pronto restabelecimento do comércio da carne do Brasil.

CENÁRIO NACIONAL

A Petrobrás anunciou uma redução de 3,93% e 1,95% nos preços da gasolina e do biodiesel, respectivamente, antes mesmo do detalhamento da volta dos impostos aos combustíveis, com o intuito, segundo a nova diretoria da empresa, de equilibrar os preços internos aos valores internacionais, mencionando também que quer evitar o repasse da volatilidade dos preços ao mercado doméstico e reiterando que os ajustes de preços seguem as suas políticas comerciais vigentes. A conferir.

Após discussões e impasses, finalmente foi divulgada a Medida Provisória sobre a reoneração parcial dos combustíveis, válida por 120 dias, dando mais peso para a gasolina R$ 0,47 por litro, combustível fóssil, e menor peso para o etanol, R$ 0,02 por litro, biocombustível. Caso fosse aplicado o mesmo percentual anterior, o valor do imposto na gasolina seria de R$0,69 por litro e R$0,24 por litro de etanol. Diesel, GNV e querosene de aviação permanecem com isenção de impostos federais até o final do ano. Para preservar a arrecadação e, segundo o ministro, “incentivar o refino de petróleo dentro do Brasil”, foi criado um imposto sobre exportação de petróleo cru, com alíquota de 9,2%. Ao final de 4 meses, o Congresso Nacional deve avaliar e deliberar se aprova ou não a MP.

BOLETIM FOCUS: Pela 11ª semana seguida, analistas de mercado mantiveram a tendência de alta das projeções de inflação para 2023, 2025 e 2026 enquanto foram mantidas para 2024. A estimativa para o PIB deste ano subiu e a do próximo ano permaneceu como na semana anterior. As expectativas para a Taxa Selic foram mantidas enquanto para o dólar em 2023 seguem em estabilidade, pela 4ª semana consecutiva, sendo elevadas para 2024.

JUROS: De acordo com o IBGE, o IPCA-15 subiu 0,76% em fevereiro, avançando em relação à janeiro, registrando alta de 5,63% no acumulado de 12 meses, demonstrando uma inflação persistente, cujas projeções tem piorado, indicando os desafios a serem vencidos pelo Banco Central para mantê-la próxima à meta e preocupando os analistas do mercado, uma vez que 8 dos 9 grupos que compõem o índice registraram alta, o que reforçou a ideia de alguns especialistas de que não há cenário para cortes de juros a curto prazo, principalmente diante dos discursos feitos por membros do Governo quanto à responsabilidade fiscal e à autonomia do BC.

AGRONEGÓCIO

Durante fórum realizado pelo USDA, nos EUA, foi discutido que os grãos não terão o mesmo desempenho de preços obtido em anos anteriores. Segundo um dos palestrantes, os preços devem recuar devido ao aumento da área plantada nos Estados Unidos e volume de grãos produzidos pelo Brasil, ficando bem abaixo dos verificados em 2022 e voltando a normalidade. Entretanto, ressalta que alguns fatores podem alterar tais projeções como: irregularidade do clima, conflito Rússia/Ucrânia, crescimento do consumo da China, etc, ou seja, é muito prematuro projetar preços nesse cenário de mudanças climáticas em todo o mundo e pós pandemia. A conferir.

Apesar da expectativa de volumes recordes na safra brasileira 22/23 de grãos, os fatores climáticos ainda influenciam o potencial produtivo das lavouras. Em Rio Verde (GO), por exemplo, após 10 dias de chuvas, a colheita de soja volta a avançar embora com resultados abaixo das expectativas e o plantio do milho dos últimos dias é considerado de alto risco climático. A comercialização da soja segue atrasada, com apenas 40% da produção negociada enquanto os produtores, segundo especialistas, buscam melhores oportunidades para travamento de trocas por insumos no ciclo 23/24, que apresenta melhor relação que no ciclo atual, 22/23.

MILHO: O relatório do USDA destaca que, no caso específico do milho, mesmo com a perspectiva de recuo dos preços dos grãos em geral, da área em expansão e da expectativa de uma produção recorde no Brasil, que, segundo a CONAB, tem potencial de atingir 124 milhões de t no ciclo 22/23, os preços do cereal continuam se sustentando e ficando acima da média dos últimos 3 anos, no período.

MILHO 2: Mesmo com o aumento do consumo interno de milho, em razão do crescimento da produção de carnes e etanol, analistas estimam, diante do rápido avanço das exportações brasileiras nos últimos anos (20,4 milhões de t, em 2021 e 43,6 milhões de t, em 2022), que o Brasil ultrapasse

os EUA e se torne, em 2023, o maior exportador mundial de milho, alcançando 50 milhões de t embarcadas ante as 48,8 milhões de t norte-americanas, volume este que vem apresentando grande retração desde 2021, devido, segundo especialistas, ao foco no mercado interno e às dificuldades quanto à ampliação da área plantada.

SOJA: A expectativa dos especialistas do setor é de que o Brasil, em 2023, se firme também como líder do mercado internacional de soja, devendo embarcar para o exterior um volume total de 92 milhões de t da oleaginosa, com as exportações dos EUA fechando em queda, neste ano, frente aos 2 últimos anos e, segundo o USDA, não devendo ultrapassar o total de 54,1 milhões de t.

SOJA 2: As cotações da soja na Bolsa de Chicago iniciaram a semana em queda, diante dos números fracos dos embarques americanos, da demanda chinesa abaixo da expectativa e do avanço da nova safra brasileira, aumentando o volume da oleaginosa no mercado. Por outro lado, o mercado argentino segue monitorado em razão das previsões de tempo seco nos próximos dias, aumentando o potencial de perdas. Segundo especialistas, a direção das cotações na CBOT deve variar, para cima ou para baixo, com a chegada de números sobre a safra americana, com a influência das questões climáticas já que “boas condições podem pesar mais sobre as cotações e o clima irregular pode acarretar a reversão das mesmas”.

Esta resenha foi elaborada pela CW Análises para uso exclusivo do destinatário, podendo, no entanto, ser reproduzido ou distribuído por este a qualquer pessoa desde que citada a fonte. É distribuída com o objetivo de prover informações e não representa, em nenhuma hipótese, uma oferta ou solicitação de compra e venda de qualquer instrumento financeiro ou serviço. As informações contidas nesta resenha são consideradas confiáveis na data na qual foi publicada. Entretanto, as informações aqui contidas não representam, por parte da CW Análises, garantia de exatidão ou julgamento sobre a qualidade das mesmas, e não devem ser consideradas como tal. As opiniões contidas aqui são baseadas em estimativas, estando, portanto, sujeitas a alterações.

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