CENÁRIO INTERNACIONAL
Documento divulgado pelo Banco Mundial mostra uma redução nas suas projeções para o avanço do PIB global em 2023, de 3% há seis meses para 1,7% agora, em razão, mais uma vez, dos juros altos, dos reflexos ante o conflito Rússia/Ucrânia, da inflação alta com redução nos investimentos em geral, o que demonstra, segundo o relatório, “fragilidade das condições econômicas”. As projeções para o crescimento global para 2023 foram reduzidos em 95% das economias avançadas, de 2,5% em 2022 para 0,5% e 70% dos mercados emergentes ou em desenvolvimento, caindo para 2,7%. Nos EUA, o crescimento deve ser de 0,5% ante os 2,4% previstos anteriormente, no menor nível desde 1970 enquanto a China, após sua economia em 2022 retroceder fortemente, devido a política de Covid zero, pode alcançar apenas 4,3% ante as previsões anteriores de 5,2%. Segundo o BM, até o fim de 2024, os patamares para o PIB nos países emergentes e em desenvolvimento serão cerca de 6% inferior às expectativas pré-pandemia.
Em um momento em que investidores começam a ficar mais otimistas, a AEA (Associação Econômica Americana) alerta, em seu encontro anual, para os riscos a serem enfrentados para o crescimento global, alegando que “a economia mundial parece estar em transição rumo a uma era mais complicada” com a continuidade do cenário apresentado nos últimos anos, de juros mais altos, tensões geopolíticas e incertezas mais acentuadas, abandonando a fase de “juros baixíssimos e de alto crescimento” na China e onde “a crescente rivalidade entre EUA e China e riscos de defaults desastrosos serão a nova norma”.
Após dirigentes do FED terem feito declarações defendendo o aperto econômico e a manutenção dos juros altos, acima dos 5%, por mais tempo e o CME Group indicar uma possibilidade de aumento dos juros no país em fevereiro de 77,2% para 25 pontos-base e de 22,8% para um avanço de 50 pontos- base, o presidente da entidade, Jerome Powell afirmou, em discurso num seminário na Suécia, seu compromisso de baixar a inflação e que não medira esforços para contê-la.
CENÁRIO NACIONAL
Mesmo com a invasão ocorrida na sede dos Três Poderes, em Brasília, neste domingo, o presidente Lula despachou do Palácio do Planalto e os ministérios da Fazenda e da Casa Civil, a pedido do mesmo, resolveram manter o cronograma estabelecido anteriormente, mantendo o anúncio das primeiras medidas econômicas do novo governo para esta semana, embora ainda sem data definida, com o objetivo de demonstrar que o Estado segue funcionando normalmente e também para aliviar a pressão do mercado financeiro .
O relatório Perspectivas Econômicas Globais do Banco Mundial, divulgado hoje, ratifica suas projeções, de seis meses atrás, de avanço de 0,8% para o PIB brasileiro deste ano e de 2,0% em 2024. Para 2022, a estimativa é de que economia brasileira tenha crescido 3,0%, o dobro das projeções anteriores. O mesmo documento aponta que as altas taxas de juros somadas às incertezas referentes à política fiscal limitam o interesse por investimentos no Brasil.
BOLETIM FOCUS: Analistas do mercado financeiro continuam a aumentar a expectativa para a inflação e dólar de 2023 e 2024 e para a SELIC de 2024 enquanto as estimativas para 2023 foram reduzidas, bem como as projeções para o PIB e Balança Comercial.
INFLAÇÃO: Segundo o IBGE, a inflação oficial brasileira subiu 0,62% em dezembro e ficou acima da média das projeções da maioria das instituições financeiras consultadas, que era de 0,45%, fechando 2022 em 5,79% ante os 10,06% de 2021, a menor taxa do IPCA para um ano desde 2020, embora ainda acima do centro da meta do BC, de 3,5%.
AGRONEGÓCIO
Ainda sobre o relatório divulgado pelo Banco Mundial, o documento indica que o Brasil registrou uma “desaceleração do crescimento das exportações”, comentando que as condições do clima “têm sido favoráveis” para a safra de soja, diferentemente do que se registrou na Argentina, onde a seca prolongada tem prejudicado a produção de trigo e apontando que as exportações brasileiras devem crescer num ritmo mais lento que o dos últimos anos em razão da retração da demanda por
commodities não energéticas.
Consultorias especializadas projetam um ano de bons preços para soja e milho diante das condições internas e externas favoráveis, com os valores na bolsa de Chicago próximos às cotações históricas máximas. No início do 2º sem/22, com a redução da participação dos fundos no mercado de commodities, os preços recuaram, embora os números da safra norte-americana, com uma produção 8 milhões de t abaixo do esperado, tenham sustentado as negociações. Neste momento, as atenções seguem voltadas para a América do Sul em razão do clima seco que afeta parte do RS e Argentina. Apesar disso, o país vizinho deverá apresentar uma safra de 30 milhões de t enquanto o Brasil poderá alcançar uma supersafra, prejudicando a expansão dos preços, já que o crescimento da demanda não tem acompanhado o da oferta, segundo especialistas e, conforme suas projeções, a comercialização interna brasileira será decisiva para a formação dos preços, uma vez que as fixações dos produtores da safra22/23 são as mais atrasadas desde o período de 2008/09. Frente à possibilidade uma supersafra e à pressão nas negociações, o dólar valorizado passa a ser a esperança para o produtor.
MILHO: Dados da Anec mostram embarques brasileiros de milho crescendo 109,4% em 2022, indicando a recuperação da colheita após a quebra da safra anterior e atingindo o volume recorde de 43,1 milhões de t. Em dezembro, os embarques do cereal, de 5,8 milhões de t, foram 75,4% maiores que no mesmo período do ano anterior, com expectativa de que o ritmo siga acelerado em janeiro, e um volume devendo atingir 4,3 milhões de t, numa alta de 94,6% ante jan/21.
SOJA: Ainda segundo a Anec, as vendas de soja em grão ao mercado externo foram prejudicadas pela queda da produção na região Sul e em parte de MS, registrando um volume de 77,8 milhões de t, num recuo de 10,2% em 2022, apenas o 3o desde 2013, todos devidos a condições de clima desfavoráveis. As projeções são de que, neste mês, os embarques sigam retraídos, uma vez que a colheita da safra 22/23 ainda está no início, e que atinjam um volume 42,4% inferior ao do ano passado, de 1,3 milhão de t.
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