CENÁRIO INTERNACIONAL
Na Alemanha, a ministra do Meio Ambiente informou que lançará proposta para que o país abandone o uso de biocombustíveis de origem agrícola, que representam “consumo de terra e perda da diversidade biológica” com o objetivo de reduzir os gases do efeito estufa, alegando que “para substituir cerca de 4% do uso de combustível fóssil no transporte rodoviário alemão, é necessário um espaço de terra que representa cerca de 20% da área agrícola alemã”. A intenção é “intensificar o uso de biocombustíveis produzidos a partir de lixo, resíduos e óleo comestível usado”. A verificar as implicações e viabilidade desta proposta, se aprovada.
Frente à iminência do início dos embargos, em fevereiro, sobre o diesel russo pela EU (maior usuária mundial deste combustível, tendo a Rússia como sua principal fornecedora), o mercado de petróleo segue se preparando para encontrar novos fornecedores que atendam sua demanda, tais como, Índia e Oriente Médio e aguardando um aumento significativo das exportações da China, de forma a substituir o produto russo.
CENÁRIO NACIONAL
As atenções continuam voltadas para as incertezas fiscais e à visita da alta cúpula do novo governo à Argentina, influenciando na queda do Ibovespa e pesando, principalmente, nos juros e no dólar, frente à sinalização de que “o BNDES terá papel mais ativo em financiamento a outros países”, aumentando as preocupações de investidores, mesmo com o Ministro da Fazenda tentando tranquilizar o mercado, depois das críticas ao BC e às metas de inflação feitas pelo presidente.
As cotações das ações do Banco do Brasil continuam sob atenção e seguem pressionadas após as reações adversas em relação às declarações, por parte do governo, a respeito da criação de uma moeda comum para a Brasil e Argentina em relações comerciais e financeiras e sobre promessas quanto ao financiamento para projetos de empresas nacionais no exterior. Mesmo com a idéia de criação de um “fundo garantidor para o crédito de exportação” que poderia proteger o Banco no caso de inadimplência, um eventual default deve ser bancado pelo próprio governo brasileiro, agravando o risco fiscal do País. Diante de cenários econômicos totalmente diversos entre os dois países, além dos “graves desequilíbrios macroeconômicos” na Argentina, economistas advertem sobre a inviabilidade da moeda comum.
BOLETIM FOCUS: Foi mantida, nesta semana, a tendência de alta da inflação em 2023 (pela 6a semana seguida) e 2024. A projeção para o PIB foi revista para cima em 2023 e mantida para 2024, bem como, a taxa Selic para 2023, subindo para 2024. As estimativas para o câmbio permaneceram estáveis.
AGRONEGÓCIO
O Rio Grande do Sul ainda sofre com as condições desfavoráveis de chuva e, embora os dados apontem uma seca mais amena, o estado anota prejuízos pela 3a safra seguida. Segundo a Fecoagro – RS, no milho, algumas regiões chegam a registrar perdas de até 80%, uma vez que já foram semeadas mais de 93% da área prevista para o cultivo. Para a soja, as expectativas, dependendo da época de plantio e das condições das chuvas e do solo, são de uma colheita de 20,5 milhões de t, numa área de 6,5 milhões de ha. Apesar deste cenário, a CONAB estima que a colheita gaúcha deve chegar a 38,5 milhões de t de grãos frente às 25,8 milhões de t da temporada anterior, onde a seca foi mais rigorosa.
Nesta semana, os mercados de dólar e taxa de juros futuros apresentaram alta volatilidade, mas, terminaram praticamente estáveis em relação à Resenha anterior. As expectativas seguem voltadas para as declarações do alto escalão do novo governo que, se continuarem nesta linha de financiar países “mau-pagadores”, certamente as cotações da moeda americana e os juros irão subir, impactando diretamente nas cotações e negociações do milho e da soja. É preciso ficar atento.
MILHO: A Secex divulgou relatório apontando para a continuidade, em 2023, do aquecimento das exportações brasileiras de milho, registrando, nestes 15 primeiros dias úteis de janeiro, um volume de 4.220.283,4 t de milho não moído (exceto milho doce), 54,4% maior do que todo o mês de jan/22. Estima-se que as exportações do cereal podem ser recordes no mês de janeiro, alcançando 5,178 milhões de t, principalmente pelo aumento das vendas para a China, e devem seguir de referência para os preços internos.
MILHO 2: Após a autorização, há dois meses, para importação do milho brasileiro, depois de 3 anos de cortes, a China importou do país cerca de 1,1 milhão de t do grão em 2022 e as estimativas são de que estas vendas cheguem a um volume entre 3 e 5 milhões de t, dependendo da confirmação ou não de uma safra recorde naquele país, tornando o Brasil um dos seus 3 principais fornecedores do produto.
SOJA: Nesta safra 22/23, a maioria das lavouras anotam atrasos em razão dos fatores climáticos. No MT, elas seguem em boas condições e produtividade, mas devido a grande quantidade de chuvas no estado, o andamento da colheita avança mais lento, com cerca de 8,4% de atraso. Já em GO, com condições climáticas mais favoráveis, as lavouras seguem firmes, com o ciclo se aproximando do final e, em MS, principalmente do sul do estado, as lavouras tiveram sua situação melhorada com a ocorrência de boas chuvas após um período de seca.
Em MATOPIBA, com chuvas bem distribuídas, as lavouras seguem um bom desenvolvimento, embora o ritmo irregular em algumas regiões impeça um avanço mais rápido do plantio, acarretando atrasos. No Sul, a estiagem ou chuvas irregulares limitam o potencial produtivo também causando atrasos.
INSUMOS: A importação de fertilizantes iniciou aquecida em 2023 e registrou, no Porto de Paranaguá, o descarregamento de 73 mil t em uma única carga, o maior volume de fertilizantes da sua história, embora o Brasil deva registrar, em janeiro, volume igual ao do mesmo mês de 2021. Especialistas alertam para o fato de que, em 2022, os valores médios da tonelada dos insumos praticamente dobraram e, segundo especialistas, “devem seguir afetando os custos de produção do agronegócio brasileiro” nesta safra. A observar.
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